Rosa dos ventos

Eu sempre gostei de rosas dos ventos. Não sei o que me atraiu primeiro, se foi o nome curioso, o desenho ou o significado.

O símbolo foi uma de minhas primeiras tatuagens, lá no início dos anos 2000. Na pele, carrego esse lembrete constante de todos os sentimentos, sonhos e sentidos a serem percorridos ao longo de uma vida.

Basta começar.

Aprendi que tudo na vida tem um ponto de partida. Cada passo que damos, cada novo dia que começa, as jornadas que escolhemos – ou às quais somos lançadas, sem qualquer possibilidade de negação -. Um texto que decidimos escrever, uma história que nos propomos a viver e contar.

Saber por onde vamos começar, reconhecer nosso ponto de partida, pode ser tão importante quanto saber para onde vamos. Até porque, objetivos mudam. Sonhos mudam. Nós mudamos. Ainda bem.

É por isso que valorizo tanto a jornada. Saber de onde saímos e até onde chegamos, mesmo que ainda não seja o lugar que queremos estar, ajuda a entender as distâncias percorridas, as vivências e tudo o que fizemos até aqui.

Este texto é um exemplo. Eu comecei pensando que iria escrever sobre o quanto eu gosto da rosa dos ventos. De como eu me lembro das aulas de geografia na quarta série, quando estudamos os pontos cardeais e me apaixonei pelo símbolo com nome feminino.

Na minha imaginação infantil, poderia uma mulher ser tão livre ao ponto de percorrer o mundo feito ventania, escolhendo seus próprios caminhos?

Obviamente que não era um raciocínio tão elaborado assim, mas o sentimento estava ali. Eu já queria ser dona de mim, do meu próprio nariz.

Então, sobre o que é esse texto afinal?

Pode ser sobre qualquer coisa, na verdade. E talvez seja por isso que escrever me atraia e me assuste tanto ao mesmo tempo.

Existe um universo inteiro de possibilidades a serem exploradas quando estamos diante de uma folha de papel em branco. Especialmente quando há uma caneta (ou lápis) em nossas mãos.

Nesse momento, o único GPS realmente disponível é nossa bússola interna, uma espécie de rosa dos ventos consciente de sua própria autonomia, que nos oprime e nos liberta ao mesmo tempo.

Eu não sei quais os caminhos que vou percorrer em todas as folhas em branco que tenho para preencher. Mas estou certa de que, após dar o primeiro passo, é fundamental seguir em frente. E se eu estiver em dúvida, basta consultar minha rosa dos ventos interior. Certamente, ela apontará bons caminhos.

**Foto: Minha bússola (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)

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