Era uma vez, três porquinhos. Eles adoravam brincar, se divertir e viver a vida despreocupados. Um dia, apareceu um lobo mau, disposto a devorá-los. Foi quando eles tiveram a brilhante idéia de construir, cada um, uma casa.
O primeiro porquinho, preguiçoso demais para projetar uma casa, optou pelo caminho mais fácil. Escolheu a palha como material, porque podia ser encontrada em abundância, era leve e ele não perderia muito tempo trabalhando. Não demorou muito para o lobo aparecer, e lá se foi o porquinho boa-vida se proteger.
Após gritar algumas ameaças, o lobo mau disse que iria botar aquele casa abaixo (ae, porquinho, a casa caiu pro teu lado). O porquinho não botou muita fé, mas o vilão respirou fundo e… pufffffffff. Lá se foi a casa de palha para o chão.
O segundo porquinho, não tão preguiçoso, mas um pouco sem paciência, escolheu construir seu abrigo com madeira. Era um material mais forte que a palha, ele usaria pregos para segurar as tábuas, sim, certamente daria certo. Levou um pouco mais de tempo, ele gostou do resultado final… mas antes que pudesse aproveitar a nova casa, o lobo apareceu.
Mais ameaças, mais gritaria diante de um porquinho descrente. O lobo respirou fundo e… puffffff. Lá se foi a casa de madeira para o chão, com pregos voando para todos os lados. Foi nesse momento, aliás, que o vilão de nossa história passou a ser conhecido como Lobo Quebra-Barraco.
O terceiro porquinho, mais velho e mais experiente, e que um dia já havia construído casas de palha e madeira – afinal, a história dos três porquinhos é antiga demais e ele tinha conseguido aprender muito com isso – resolveu que, desta vez, faria diferente.
Escolheu construir uma casa de tijolos. Mesmo os tijolos sendo difíceis de se encontrar na floresta dos contos de fadas, cimento então, nem se fala. E o tempo que levaria? E se não desse certo? Era um risco. Mas mesmo assim, ele decidiu tentar.
Construiu a base, que ele sabia ser muito importante. Depois, levantou uma estrutura forte, o que só foi possível porque podia confiar naquela base. Aos poucos, a casa foi tomando forma e ele pode ver o resultado de seu esforço.
Logo que a casa ficou pronta, não deu outra. O lobo mau apareceu. Falou que ia botar a casa abaixo, que não adiantava lutar contra isso. Tomou fôlego e… pufffffffffff. Nada aconteceu. Tomou fôlego novamente e… pufffffffffffffffffffffff. Nada.
Depois de muitas tentativas, o lobo foi embora. Vez por outra, ele retorna. Mas esse é o papel dele, como vilão desse conto.
Moral da história
Certa vez eu li que todo relacionamento era como uma casa, que para ser forte e duradouro, ele precisava de uma boa base, uma estrutura forte. Porque, sempre vai aparecer alguma coisa, ou alguém, tentando botá-lo abaixo, igual ao lobo desta história.
A vida é feita de tentativas e nem sempre a primeira casa é aquela que vai permanecer em pé.
Então, o negócio é buscar fortalecer a base e a estrutura, antes de pensar em levantar dois, três andares… É o tipo da coisa que exige tempo, dedicação, paciência. Mas que certamente vale a pena, porque não é qualquer coisa que vai derrubá-la.
E, só para não perder a brincadeira, com um fundo de verdade, lembre-se: nos contos de fadas ou na realidade, sempre tem um lobo mau querendo comer alguém…
*Texto escrito e publicado originalmente em 26 de fevereiro de 2007 em A Complexa Arte de Ser Mulher
**Foto: Página da minha cópia de Fábulas Encantadas (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)