No café de Amélie Poulain

Lançado em 2001, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é daqueles filmes que conquistam a gente logo de cara. Com direção de Jean-Pierre Jeunet e a perfeita trilha sonora original de Yann Tiersen, o longa-metragem estrelado por Audrey Tautou conta a história de uma garota que poderia ser qualquer uma de nós.

Após uma infância superprotegida, Amélie vai viver no bairro parisiense de Montmartre. Lá, ela trabalha como garçonete no Cafe des 2 Moulins – que realmente existe por lá e se tornou ponto de peregrinação dos fãs do filme – grupo ao qual me incluo.

A vida cheia de mesmice de Amélie começa a mudar, entretanto, quando ela encontra uma antiga caixa de tesouros escondida no banheiro de seu apartamento e decide descobrir quem era o seu dono e entregar a ele. A missão é um sucesso e motiva a garota a fazer pequenos gestos de bondade capazes de transformar a vida das pessoas.

Até então vivendo uma vida solitária, ela conquista novos amigos, vive aventuras e descobre o amor. Sério, se você ainda não assistiu, assista. Se já assistiu, assista novamente, porque provavelmente é o que eu vou fazer assim que terminar este texto.

Lá no comecinho do filme, a gente aprende as coisas que Amélie gosta: ir ao cinema e se virar para trás no escuro, só para observar o rosto dos outros espectadores, procurar detalhes nos filmes que ninguém mais vê, enfiar a mão bem fundo em um saco de cereais, quebrar a cobertura do creme brúlée com uma colher e, finalmente, jogar pedras no canal Saint Martin.

Vamos avançar 12 anos até chegarmos em 2013. Lá estamos nós, Marido (na época Namorado) e eu conhecendo a bela e ingrata Paris. Nossa experiência na cidade, certamente uma das mais bonitas em que já estivemos, não foi das melhores. Mas isso é história para um outro texto.

Um dos melhores dias que passamos por lá foi aquele que visitamos, justamente, Montmartre. É lá que fica a lindíssima Basílica de Sacré-Couer e, como eu disse lá atrás, o Cafe des 2 Moulins. Para mim, o lugar era parada obrigatória, então lá fomos nós.

Com dificuldades, encontramos um lugar para sentar – a impressão que se tem é que o café está sempre cheio e movimentado por turistas que aproveitam todas as chances para fotografar um cantinho ou outro, imaginando os personagens circulando por ali.

Na vida real, o local é um pouco diferente do que vemos no filme, mas isso já era de se esperar. Além do café, não resisti e pedi um creme brúlée – que eu nunca havia experimentado. A experiência de se estar ali só seria completa se eu quebrasse a cobertura açucarada do doce com uma colher, o que fiz com o maior prazer do mundo. O creme estava gostoso, não muito doce, e foi bem com o café.

Finalizada a visita, pagamos a conta, mas a experiência continua viva na memória. Sou capaz de me lembrar das sensações – lá fora estava frio, enquanto lá dentro estava quentinho -, do cheiro de café, o som das pessoas conversando animadamente, os sabores… Tão importante quanto fazer um monte de fotos, eu vivi aquele momento e hoje trago ele na lembrança. Basta fechar os olhos e estou novamente ali.

**Foto: Cafe des 2 Moulins em Paris (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)

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