Aquarela

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo… Em algum canto da minha mente, ouço os primeiros versos de Aquarela. A voz que canta, entretanto, não é a de Toquinho, mas de uma criança. Não sei quem é, mas é a mesma do anúncio da Faber-Castell na década de 1980, quando eu tinha lá os meus 5 anos.

Dia desses, assisti a uma trecho de uma entrevista com Toquinho, contando que nunca entendeu muito bem o sucesso da música. Especialmente por ser uma letra que fala sobre o fim de algo – a palavra que ele usou foi “destruição”.

Mas, se com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo, é ali que nossos sonhos e lembranças da infância vão habitar. Nos nossos desenhos, a realidade retratada era muito mais simples. Bastava lápis de cor para deixar o mundo mais claro e feliz.

Quantas vezes não contornamos nossas mãos e fizemos chover, sem precisar de um guarda-chuva? Nos meus desenhos, o sol sempre sorria. As flores eram sempre coloridas.

Pensar nisso, me faz concluir que, sim, eu fui uma criança feliz.

Aquarela, para mim, foi sempre sinônimo da inocência e alegria da infância.

Talvez, no final das contas, essa música seja tão importante justamente porque ela é uma metáfora para a vida, que começa com um sol amarelo e segue até descolorir, como velhas lembranças. Mas as cores de nossas vivências, de cada amor, viagem, celebração ou amizade sempre farão parte de nós.

**Foto: Um desenho feito por mim lá em 1984 (Arquivo Pessoal/Amanda de Almeida)

PS: Abaixo, o filme da Faber-Castell de 1983 e a entrevista com Toquinho aos quais me refiro no texto.

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