Papel e eu temos um lance que vem do berço. Sério. Tenho fotos para provar, como essa aí em cima.
Sempre que tento me lembrar em que momento começou meu fascínio por papel, a memória nunca alcança.
Quando eu comecei a me entender por gente, ele já estava lá ao meu lado, fazendo parte da minha vida. Basta olhar para trás e percebo que ele sempre esteve presente, em cada decisão, lembrança, ideia, palavra. Quase um ser onipresente.
Antes de aprender a segurar um lápis, o papel já me encantava. Como é que todas aquelas histórias que os adultos contavam cabiam ali? Eu precisava descobrir esse mistério. Foi graças a essa curiosidade que já cheguei alfabetizada na escola.
E os desenhos? Para mim, meu irmão era o melhor desenhista do mundo. Mas nessa época meu mundo era pequeno e eu conhecia poucas pessoas, ainda mais que desenhassem. Eu queria ser como ele, então sempre estava imitando o que ele fazia, como a boa sombra-irmã-caçula que eu era.
Daí veio Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe. Como é que ele fazia aquilo? Transformava uma folha de papel em branco em histórias, iguais aquelas que os adultos contavam. E fazia isso ali na minha frente, na tevê. Tudo o que eu queria era aprender a desenhar como ele.
Aliás, essa é uma grande frustração para mim: escrevo porque não sei desenhar. Sinto uma inveja pura, sincera e cheia de admiração por quem sabe.
Na infância e adolescência entrei e saí de cursos de arte e desenho. Para você ter uma ideia, até casei com um ex-professor de desenho. O Marido tentou me ensinar, mas desenhar exige uma disciplina que me falta, pelo menos até aqui. Quem sabe algum dia?
*Foto:(Arquivo Pessoal/Amanda de Almeida)