O amor pela escrita me levou ao jornalismo. E o jornalismo me afastou desse amor. Soa dramático, eu sei. São mais de duas décadas trabalhando (e lutando) diariamente com a escrita, primeiro em um jornal impresso (lá se foram 12 anos) e depois em um estúdio de conteúdo digital (11 anos até aqui).
No jornalismo eu entendi que tão importante quanto escrever bem é escutar com atenção o que o outro diz. Esse foi o lado bom, e sempre me ajudou a escrever bons textos. O lado ruim é que também aprendi a me anular de minhas próprias palavras, muitas vezes usando a técnica para me distanciar e me esconder. Hoje não me reconheço mais em meus textos. Sinto que desaprendi a me conectar com as pessoas por meio das palavras, algo que um dia já me pareceu tão natural.
Tudo isso para dizer que, apesar dos pesares, escrever é parte de quem eu sou. Meu objetivo com esse curso é reencontrar meu amor (e o prazer) pela escrita, e em consequência me redescobrir ou quem sabe me reinventar. Abraçar minha vulnerabilidade e (re)aprender a escrever.
*Texto escrito para o Curso de de Escrita Criativa e Afetuosa de Ana Holanda
**Foto: Procurando palavras (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)