Todos os dias, independentemente do colunista que assine o texto que abre esta página, o Almanaque está presente. A seção, que mistura informação e entretenimento, é considerada leitura obrigatória por muita gente. É lá que os leitores ficam sabendo o que é celebrado naquele dia, quem são os santos reverenciados daquela data, a quantos dias estamos de um novo ano…
As curiosidades sempre trazem um fato novo, esclarecendo alguma dúvida ou simplesmente ampliando o nosso conhecimento. E há as frases. Tenho um carinho especial por elas, pois quase sempre são motivo de reflexão. Ou simplesmente são a origem de um riso, que cresce largo com as anedotas.
Mas, de todas as coisas que o Almanaque traz, tenho de confessar que o meu momento favorito é descobrir o que aconteceu há exatos 20 ou 40 anos aqui na Cidade. Geralmente, é um fato importante, que mereceu destaque na primeira página de O Diário, e que nos ajuda a entender um pouco mais sobre a história da Cidade.
O mais interessante é perceber como algumas notícias, boas ou ruins, se repetem, não importa quanto tempo passe. A destruição causada pelas chuvas, a eterna luta pela melhoria das estradas, as conquistas da Cidade e sua gente. Há dias, na Redação, em que nós ficamos boquiabertos quando a manchete do dia é exatamente igual ao que foi publicado décadas atrás, especialmente se é sobre algum assunto que não é sazonal.
Há alguns meses, por exemplo, o Almanaque relembrava a história de um bebê que desapareceu da Santa Casa de Misericórdia há 40 anos. O jornal acompanhou as investigações e inúmeras matérias foram publicadas a respeito, mas parece que a criança nunca foi encontrada. Nos últimos meses, a mesma Santa Casa voltou às manchetes, desta vez com as suspeitas de infecção que vitimaram recém-nascidos. Ambas as manchetes, do passado e do presente, revelam a dor e a perda de pais que nem tiveram a chance de verem seus filhos crescerem.
Não são apenas as histórias tristes que ganham destaque nas páginas – e manchetes – deste jornal. Na época do Natal, por exemplo, O Diário há 20 anos noticiou a história de uma família que se unia para fazer uma festa, com direito a ceia e distribuição de presentes, para pessoas que não tinham nada. No fim do último ano, a reportagem saiu à procura destas pessoas. A boa notícia é que eles deram continuidade à tradição e ainda fazem do Natal uma época mais feliz para muitas pessoas.
Este texto, para variar, começou de um jeito e ganhou vida própria, indo para um lado que nem eu esperava. Ainda assim, cabe dizer que o jornal de hoje está longe de “embrulhar o peixe de amanhã”, como muitos costumam dizer – inclusive alguns professores que tive na faculdade.
O jornal de hoje é o registro do que amanhã será história, como alguns dos fatos que há 20 e 40 anos eram notícia e hoje vão direto para o Almanaque. E é a história, aquilo que aconteceu em um passado distante ou não, que nos indica os caminhos que devemos tomar – e também evitar – para um futuro melhor. Cá entre nós, quem pode discordar que é isso que este jornal tem feito em Mogi nas últimas décadas?
*Texto publicado originalmente em 23 de fevereiro de 2010 em O Diário de Mogi
**Foto: Capa do jornal O Diário de Mogi (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)