Você já ouviu aquela máxima que diz que, para se conhecer bem uma pessoa, basta viajar com ela? Já é meio que um lugar-comum, e se você der um Google vai encontrar um monte de textos a respeito do assunto. Não importa se é uma viagem curta, média ou longa, mas a convivência com alguém fora do nosso “habitat natural” revela muito sobre ela. E também sobre nós mesmos.
Uma forma divertida de a gente se conhecer melhor é justamente saindo na nossa zona de conforto, indo para lugares onde não conhecemos nada, nem ninguém. É claro que, com a tecnologia, é praticamente impossível chegar a algum lugar não sabendo praticamente nada a respeito dele. Mas uma coisa é a teoria, outra coisa é a prática, o momento presente, as descobertas e perrengues que rolam apesar de todo o planejamento.
Afinal, por mais que você se planeje, são os momentos inesperados que acabam tornando-se suas lembranças favoritas (talvez não) em uma viagem. São as histórias que a gente vai reviver, contar e recontar várias vezes em uma roda de amigos.
Tanto faz se você viaja só ou com alguém, dentro ou fora do Brasil. O mais importante, se você quer mesmo se conhecer melhor, é prestar atenção na forma como você lida com as situações boas ou ruins.
Conhece-te a ti mesmo
A frase grafada na entrada do Templo de Delfos (e também tatuada no braço do Marido) é ao mesmo um tempo um convite e um desafio. Isso porque gente pode tanto se surpreender positiva quanto negativamente com nossas reações diante do que é novo, inesperado e até inusitado.
No meu caso, eu sou uma pessoa extremamente organizada, planejando tudo com antecedência. E geralmente as coisas funcionam bem, até o momento em que algo inesperado acontece. É viajando que eu percebo o quanto alguns improvisos me tiram do eixo, mesmo que minha vida dependa disso. É péssimo, eu sei, mas estou trabalhando nisso.
Viajar também é um exercício de paciência com você mesmo diante de suas limitações, mas que pode levar a descobertas felizes, como quando você percebe que sabe exatamente onde está e para onde vai. Eu nunca fui lá muito boa em ler mapas, até precisar aprender a fazer isso. Deu tão certo que, em Amsterdã, eu já estava dando explicações a outros turistas.
Nesse processo de autoconhecimento, você também descobre que é muito mais confiante do que imaginava. Que, mesmo que você não domine o idioma local, consegue entender o outro e se fazer entender o suficiente. É claro que vez ou outra você vai acabar com um prato de comida que você não faz ideia do que é (pois é, já aconteceu), mas o placar final é sempre positivo.
É claro que para se conhecer melhor não obrigatório viajar, mas volto a dizer que, ainda assim, é uma forma muito boa de aprender sobre o mundo, as pessoas e você mesmo.
**Foto: Aeroporto de El Prat, Barcelona (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)