Era uma manhã como outra qualquer. Depois de semanas, talvez até meses, pensando em como começar esta jornada, lhe ocorreu a frase final de seu filme favorito. Mesmo sem ter certeza de que aquela seria mesmo uma boa ideia, finalmente decidiu parar de lutar, inventando desculpas para não seguir em frente.
Pensou em Ferris Bueller, outro de seus personagens favoritos, que não falhava em lembrá-la que
“A vida passa rápido demais. Se você não para e olha ao redor de vez em quando, você pode perdê-la.”
Começou a anotar tudo em um caderno, para não se esquecer na hora em que finalmente estivesse sentada frente à tela do computador (e também do teclado) e começasse a despejar no seu blog as ideias represadas há tanto tempo.
Na verdade, por mais que planejasse – um hábito antigo e do qual não conseguia se livrar -, não poderia nem imaginar o que realmente viria a seguir. Eram tantas coisas para se escrever a respeito, tantas ideias fermentando na cabeça, e um desejo enorme de colocar tudo “no papel”… Estava diante de suas próprias limitações de tempo, energia e até mesmo aquela paralisante crítica interna. Mas, ainda assim, estava disposta a tentar.
Quando voltou a olhar para a folha de papel, agora tomada por tantas palavras, percebeu que finalmente tinha vencido o obstáculo de escrever seu primeiro post. Havia começado a trilhar um novo caminho e, mesmo sem nenhum mapa, estava disposta a percorrê-lo um passo de cada vez.
Lembrou, entretanto, que faltava contar que tudo começou com a cena final de Casablanca. Em meio às incertezas causadas pela Segunda Guerra Mundial, Rick Blane finalmente estava em paz consigo mesmo. E dizia ao chefe da polícia local, Louis Renault:
“Louis, acho que este é o começo de uma bela amizade.”
*Texto escrito originalmente para ser o primeiro post de uma das incontáveis retomadas de Amandices, em 2018
**Foto: Casablanca (Divulgação)