O dia em que David Bowie entrou em minha vida, ele estava acompanhado de um ser de outro planeta: Howard, o Super-Herói. Não que eu soubesse, naquela época, quem era o artista por trás do rei dos duendes de Labirinto, tampouco que ele próprio já havia sido um ser de outro planeta em alguma época de sua vida.
Eu tinha recém-completado 8 anos. Howard – O Super-Herói e Labirinto estrearam no cinema no mesmo dia 25 de dezembro de 1986.
O pouco que me recordo (afinal lá se vão quase 30 anos) é que o meu tio N. juntou a garotada – eu, meu irmão e meus primos – e nos levou para uma pequena maratona cinematográfica nos já desativados Cine Avenida e Cine Urupema (puxado pela memória do meu irmão). Não me lembro ao certo se foi nos últimos dias de dezembro ou talvez nos primeiros de janeiro. Só me lembro que era uma tarde quente de férias.
Depois disso, levaria mais alguns anos para eu me reencontrar com Bowie. Foi quando comprei – ou talvez ganhei – uma coletânea (sim, em vinil) de sucessos da época, que tinha entre os hits Let’s Dance. Nunca foi minha favorita.
Havia também, acho que quase na mesma época, O Astronauta de Mármore, versão do Nenhum de Nós para Starman. Esta ainda mexe comigo em ambas as versões, não importa quanto tempo passe.
Mas a minha favorita sempre foi All the Young Dudes, na versão gravada por Bruce Dickinson, em 1990 para o Tattooed Millionaire. Toca no meu iPod até hoje, assim como Space Oddity, que me traduz uma delicadeza aliada ao sentimento de solidão únicos.
Confesso que David Bowie nunca foi o artista mais tocado na minha vitrola, CD ou mp3 – esse título ficou com os Beatles, Ramones e Queen. Aliás, era com o Queen, em Under Pressure, que Bowie se manteve mais presente em minha vida.
Ainda assim, me entristece pensar que o mundo (ou seria a galáxia?) tenha perdido um artista como este, capaz de transitar entre tantas formas de expressão, mídias e meios. E por mais que os meios de comunicação tenham provocado uma overdose de David Bowie nestes dias que sucederam sua morte, causando irritação e horror em muita gente, uma coisa é preciso admitir: Bowie era único e dificilmente haverá outro como ele.
**Foto: Cena de Labirinto (Divulgação)