Quem acompanha este espaço provavelmente sabe que música é uma de minhas grandes paixões. Beatles, em especial. Mas hoje não pretendo falar sobre os quatro rapazes de Liverpool. Na verdade, este texto é dedicado a outro grande artista que também faz parte de minha formação musical: Roberto Carlos. E à minha mãe, responsável pela presença dele em minha vida e provavelmente uma das maiores fãs do Rei que eu conheço (e, acredite, já conheci muitos).
Este texto foi escrito no dia 19 de abril, data em que Roberto Carlos completou 70 anos. As palavras abaixo são fruto de coisas que eu observei em algumas redes sociais ao longo daquele dia. Entre pessoas que amam ou não Robertão.
Sendo filha de uma fã fiel de Roberto Carlos (outro dia até sonhei que estava conversando com ele e consegui apresentar minha mãe a seu ídolo, pode?!), posso dizer o seguinte: se você não gosta de Roberto Carlos, é porque não conhece a obra dele suficientemente bem para emitir opinião. Ou não entende nada de música.
Não é preciso ser fã, como a minha mãe, por exemplo. Basta se despir dos preconceitos e evitar 90% das coisas que ele fez dos anos 80 em diante (porque, realmente, tem muita coisa que teria sido melhor se Robertão não tivesse tornado público). As fãs que cresceram, amadureceram e estão envelhecendo com ele, entretanto, não veem problemas nas canções desprovidas de inspiração. Basta que sejam do Rei. Então, vamos a ele…
“Roberto Carlos hoje completa 70 anos. Ele é o ídolo da minha mãe, que reina único em seu coração. Ano passado, ele completou 50 anos de carreira. Eu ainda vou fazer 33 anos. Ou seja, ele está na vida de dona Fátima há muito mais tempo do que eu. Não que eu queira comparar o amor que ela nos dedica, nada disso. Na verdade, o que eu quero dizer é que, pelo bem ou pelo mal, ele também sempre esteve presente em minha vida.
Sou capaz de cantar todas as suas músicas. Algumas, eu adoro. Outras, eu odeio. Mas a verdade é que eu posso amar ou odiar porque eu conheço cada uma delas o suficiente para isso. Daí vem o fato de eu ficar muito brava quando alguém começa a meter o pau no cara por ignorância ou pura birra.
Sou eu quem acorda, todo domingo de manhã, com a voz do Roberto Carlos vindo da cozinha. É ele quem tem feito companhia para a minha mãe diariamente, nos últimos 50 anos. Foi ele que a ajudou a superar momentos ruins. Foi ele quem embalou os momentos mais felizes da vida dela. E, se pararmos para pensar, minha mãe não é a única. Quantos homens e mulheres por aí são fiéis a este artista pelos mesmos motivos que ela?
Eu passei a minha infância, adolescência e vida adulta ouvindo suas músicas. Quando eu era criança, e a gente viajava para Minas, era daqui até lá com 10 fitas do Robertão para apenas uma das crianças (com Balão Mágico e cia). Na adolescência, não podia nem ouvir o nome de Roberto Carlos. Depois de adulta, reconheci a importância dele na música brasileira e fiz as pazes com a sua obra.
Não gosto de todas as suas músicas. Mas as que eu gosto, eu gosto de verdade. Não da mesma maneira como a minha mãe gosta, é claro. E ainda sou capaz de apostar: duvido que da minha geração em diante exista fãs tão fiéis e apaixonados por um artista como os fãs de Roberto Carlos são por ele.
Hoje em dia tudo é muito descartável. E, como diriam Lennon & McCartney, “And in the end the love you take is equal to the love you make” (O amor que você leva é igual ao amor que você dá). Long live the king! Vida longa ao rei!
*Texto publicado originalmente em 26 de abril de 2011 em O Diário de Mogi
**Foto tirada por mim em um show do Robertão em 2014 (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)