Educação

Sara Arranz. Se alguém um dia me perguntasse qual professora marcou de maneira mais profunda a minha vida, esta seria a resposta. E olha que lá se vão mais de 25 anos que eu frequentei sua sala de aula, na época lá no Polinho. Depois dela, tive muitas professoras, algumas muito queridas, mas ninguém como ela.

Quem já foi aluno da Sara certamente deve guardar por ela o mesmo carinho que eu guardo. Tente imaginar uma professora que sabia ser firme e ao mesmo tempo doce com seus alunos. Atenciosa, carinhosa, prestativa. Tudo bem que ela foi minha professora na pré-escola, mas ela foi determinante para que eu me sentisse à vontade no ambiente escolar que, confesso, durante muito tempo não foi o meu favorito.

Depois da Sara, foi a vez da dona Florinda, na 1a. série. Seria impossível calcular quantas pessoas dona Florinda alfabetizou. E como ela era brava, meu Deus. Ou não, talvez eu é que fosse uma praguinha…

Bem, mais ou menos. Digamos que eu era metida a esperta, porque sempre fui estimulada a aprender em casa, já chegando alfabetizada na escola. Daí, já viu, aprendia muito rápido e usava o restante do tempo para azucrinar com os outros.

Na segunda série foi a Maria Aparecida. Outro dia nos encontramos e ela me reconheceu, o que me deixou muito feliz. Minha mãe era professora e nem sempre reconhecia os alunos que a cumprimentavam com a velha pergunta “professora, lembra de mim?”

Foi na terceira série que as coisas começaram a se complicar. Em vez de uma professora para tomar conta da classe, eram duas. Dona Marlene era tudo de bom. Já havia sido professora do meu irmão e era um doce. A outra, dona Hosana… bem, nós nunca nos entendemos. A bronca era recíproca, mas eu sempre a respeitei. Respeito dentro e fora da sala de aula ou em qualquer momento/situação da vida é essencial.

Célia e dona Esther, esta última irmã da dona Florinda, foram as professoras da quarta série. Da quinta série em diante comecei a ter vários professores, um para cada matéria. Dona Manna, de Educação Moral e Cívica, Maria Inês, de matemática, Márcia, de inglês, Cidinha (mãe do cantor Mateus Sartori), de Educação Artística… É impossível citar todas.

O mais importante é que, desde a Sara até os professores da pós-graducação e dos cursos paralelos que fiz, cada um contribuiu de alguma forma para o que eu sou hoje. Assim como aquelas pessoas que não são professores por ofício, mas que sempre estiveram dispostos a me ensinar algo novo.

Tente imaginar, então, quem foi o professor que marcou a sua vida. De que maneira ele contribuiu para a sua formação, não só acadêmica, mas também como ser humano. Agora, pense como o professor é ridiculamente desvalorizado em nossa sociedade. Como o salário que ele recebe transforma um dos ofícios mais dignos e importantes do mundo em um trabalho de quinta categoria.

Absurdo, não?

Outro dia, quando os parlamentares aprovaram o aumento absurdo e abusivo de seus salários, ouvi o jornalista Chico Pinheiro comentar que o maior salário do Brasil deveria ser o do professor. E mais, que nenhum político pudesse ganhar mais do que um professor.

Sem contar que é uma carreira que deve estar com um défict de profissionais, já que o Ministério da Educação está fazendo propagandas dizendo que o professor é o profissional mais importante para o desenvolvimento de uma nação. Eu concordo, mas pergunto: se o professor é o profissional mais importante para o desenvolvimento de uma nação, então porque seu salário é tão ridículo?

*Texto publicado originalmente em 25 de janeiro de 2011 em O Diário de Mogi

**Foto: Sala de aula UMC (Arquivo pessoal/Amanda de Almeida)

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