Felicidade é contagiosa, diz estudo

Choque total. E eu achando que só coisas negativas fossem contagiosas, como doenças causadas por vírus, pessimismo, medo e mau-humor. Pois é, a tal da felicidade também é contagiosa, pelo menos segundo o estudo que envolveu pesquisadores de diversas instituições americanas. A notícia apareceu no site da agência de notícias Reuters, na semana passada.

Segundo a matéria, a equipe comprovou que assim como a obesidade e o tabagismo se difundem em rede, o mesmo ocorre com o bem-estar. Ou seja, quanto mais pessoas felizes nós conhecemos, maior é a probabilidade de nós mesmos sermos felizes. Então, se pararmos para pensar, nós somos um reflexo do meio em que vivemos. Se está comprovado que isso acontece para o bem, então nada impede o caminho inverso seja verdadeiro.

Um dos envolvidos na pesquisa, Nicholas Christakis é professor de sociologia médica a Escola de Medicina de Harvard, em Boston. Ele acredita na existência de um “arrastão emocional”. Ao lado de James Fowler, cientista político da Universidade da Califórnia, em San Diego, ele analisou dados relativos a 4.700 filhos de voluntários do Estudo Cardiológico Framingham, um trabalho iniciado em 1948.

O material inclui informações de 1971, que trazem desde nascimentos e casamentos até divórcios e mortes. A felicidade, então, passou a ser medida pela dupla a partir de quatro perguntas muito simples. Basta parar um minuto e refletir quantas vezes, na última semana, 1. curtimos a vida, 2. nos sentimos felizes, 3. nos sentimos esperançosos em relação ao futuro, e 4. sentimos que valemos tanto quanto as outras pessoas.

Cerca de 60 por cento dos entrevistados que tiveram pontuação alta nas quatro questões foram avaliadas como felizes, enquanto o restante foi considerado infeliz. E mais: o mesmo trabalho constatou que a felicidade é muito mais contagiante que a infelicidade. Bastar ter um amigo, colega de trabalho, de escola, até mesmo o porteiro do seu prédio feliz e, pronto, sua chance de também ser feliz aumenta em 15%. Se for alguém com quem você não tem contato direto, tipo o amigo de um amigo, ou algo parecido, a porcentagem é de 10%.

Tudo isso é muito bacana, mas, afinal, o que é ser feliz? Já que estava na internet, resolvi entrar no Google e digitar a palavra felicidade. A pesquisa retornou 15.000.000 de ocorrências. Quer dizer que a felicidade se contagiou pela internet? Não, quer dizer que cada um tem sua própria definição para esta palavra. O passo seguinte foi buscar algumas dessas idéias.

Nietzsche disse que “não é a força, mas a constância dos bons sentimentos que conduz os homens à felicidade”. Para Voltaire, “a felicidade é a única coisa que podemos dar sem possuir”. Já o escritor Thomas Hardy acreditava que “a felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso que fazemos do que temos”. Ingrid Bergman, estrela de “Casablanca”, declarou que “felicidade é uma boa saúde e uma má memória”.

Confúcio, que viveu entre 551 e 479 a.C., não chegou a ouvir falar da pesquisa dos americanos, mas deu a dica naquela época. “A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros”. E então, caro leitor, leitora. Você tem curtido a vida? Tem se sentido feliz? Tem se sentido esperançoso em relação ao futuro? Tem sentido que vale tanto quanto as outras pessoas?

*Texto publicado originalmente em 09 de dezembro de 2008 em O Diário de Mogi

**Foto: Ingrid Bergman em Casablanca (Divulgação)

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